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Felizmente, não passou do maior susto das nossas vidas

Sábado de manhã. 8h. O meu filho acordou. Chamou-me. Fui buscá-lo. Passei pela cancela que proteje as escadas e fechei-a. Tirei-o da cama. Fez xixi e levei-o para a nossa cama. Ele já não tinha sono e minutos depois levantou-se. O pai perguntou se eu tinha fechado a cancela. Ensonada, disse que sim. Uns segundos depois um barulho. Novamente a mesma pergunta: fechaste a cancela? Sim. E um estrondo! Pânico. O mundo parou. Voamos da cama em direcção às escadas e lá ao fundo, estava ele, estatelado no chão e a chorar. O som, o grito do meu marido e esta imagem jamais desaparecerão da minha cabeça. Ele estava consciente. Mexia-se. Agarrámos nele. Deitava muito sangue da boca. Chorava e queixa-se da cabeça. Voámos para o hospital. Minutos de terror. De puro medo. De culpa porque tinha fechado mal a cancela. No carro ele parou de chorar e começou a querer adormecer. Eu falava e mantinha-o acordado. O meu marido conduzia-nos à Estefânia. Muito medo. Um medo que nunca tinha sentido na minha vida. Na Estefânia fomos muito bem atendidos.Ele estava apático. O A. entrou logo para a triagem. Só um de nós o podia acompanhar.. Estava ao colo do pai e assim ficou. Eu do outro lado da porta de vidro. A angústia. O pânico. 20 degraus são muito degraus. A queda tinha sido muito feia. Ele estava cheio de hematomas na cabeça. Foi posto a soro e ligado à máquina que mede as frequências. Foi picado e portou-se muito bem. Colaborou em tudo. O ben-u-ron que levava através do soro começou a tirar-lhe as dores. Apesar de estar consciente e a reagir era preciso fazer raio -x. Fui com ele. Portou-se muito bem. O raio-x estava bem. Mais alívio. Um peso a sair de cima de nós. Sentiamo-nos seguros ali. Sentiamos que o nosso filho estava em boas mãos. Contou ao pai o que tinha acontecido: encostou-se à cancela, abriu, ele rebolou como uma salsicha, bateu na parede da frente e caiu para o lado. O pai nem queria acreditar no pormenor do relato. Mais tarde, foi preciso fazer uma tac para tirar algumas dúvidas. Mais receio. A anestesista estava demorada no bloco e avançámos para a tac com ele acordado. Minutos antes no S.O ele tinha estado a ver os desenhos animados do Max. Na tac falei-lhe do avião e das missões do Max e que aquela máquina onde ele ia estar era só para meninos especiais. Era uma missão muito importante e ele não se podia mexer. Eu e o pai estávamos os dois presentes. Ele não se mexeu, apesar de estar assustado. Fizemo-lo sentir um grande campeão. Falámos do gelado enorme que ele ia comer quando saíssemos do hospital. Voltámos para o S.O para aguardar o resultado do tac. Um casal nosso amigo estava lá desde manhã, hora em que tínhamos combinado ir à praia. Foi um apoio muito importante quando não podíamos estar ao lado do A. Estávamos na rua junto à janela do S.O. Sentíamos presentes. As dores de cabeça passaram com o ben-u-ron. Eram 3 da tarde quando veio o resultado da tac. Estava tudo bem. O meu coração voltou a começar aos batimentos normais, apesar de ainda não estar tudo certo. Foi-lhe dado um chá frio para ver se ele não vomitava. Adorou o chá (que era de limão, disse ele) e depois aninhou-se na caminha e dormiu. Uma hora depois teve alta. Estava exausto. Viemos para casa. Dormimos todos a sesta. O coração e as emoções começaram a normalizar. Acordou 2 horas depois bem disposto e a pedir para ir ao parque comer um gelado. Lá fomos com calma para evitar grandes loucuras. A médica tinha-nos dito para fazermos vida normal, mas para termos atenção nas 48 seguintes. Mais de 24 horas já passaram. Ele está bem e não ficou traumatizado com a escada. Fiquei mais eu e o pai do que ele. Nunca mais me descuido com a cancela. Ainda ouço o estrondo dentro de mim. Obrigada, meu Deus por tudo ter acabado em bem. E ainda bem que há um Hospital Dona Estefânia onde podemos ir com os nossos filhos. E dou comigo a pensar: e quem vive no interior? E quem vive a horas dos hospitais? Como é que é possivel que nem todas as crianças tenham os cuidados que o Hospital Dona Estefânia pode prestar?

Comentários

  1. Q horror :( ainda bem q está tudo bem! Um beijinho

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  2. Bolas, que susto tão grande! :/ O meu coração deu um valente salto ao ler o relato. Que medo... Nem imagino o que se sente numa hora dessas. Graças a Deus que tudo está bem e que foi apenas um susto.

    Um grande beijinho à mamã e outro muito especial ao corajoso filhote! :)

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  3. Bolas, faço minhas as palavras da Miss Glittering, que susto enorme. O G com cerca de 8 meses caiu de um baloiço, caiu de cabeça e eu estava sozinha com ele, foi terrivel o caminho para o hospital, a conduzir, os dois a chorar... nem me quero lembrar, mas ficou tudo bem e não foi uma escada! O médicos/enfermeiros dizem sempre que o osso da cabeça, graças a Deus é bem duro para proteger bem o cérebro.
    Ainda bem que tudo acabou bem.
    Um beijinho grande para a família coragem.

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